Existe relação entre riqueza e salvação?
- Willer Félix
- 1 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de ago. de 2024

“E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se?” (Mateus 19.24-25). Você já parou para pensar no porquê eles se surpreenderam com estas palavras do Mestre?
Gostaria de oferecer o que acredito ser uma pequena contribuição sobre este assunto
Pesquisando sobre a visão judaica da prosperidade, encontrei um trecho do livro “Os Judeus, o Dinheiro e o Mundo”, do autor Jacques Attali, que diz: “Paralelamente, crescem as diferenças entre as duas doutrinas econômicas. Numa e noutra, acredita-se nas virtudes da caridade, da justiça e da oferenda. Mas, para os judeus, é desejável ser rico(...)”. E este pensamento é disseminado nas sinagogas, associando o acúmulo de riquezas a uma parceria bem-sucedida com Deus, como um sinal claro de bênção. Se é assim nos nossos dias, quanto mais na época dos discípulos de Cristo? Se uma pessoa rica era a figura de alguém contemplado com o favor divino na terra, como o tal teria dificuldade para entrar no reino de Deus? Afinal, prosperidade e intimidade com o Senhor não estavam relacionadas? Penso que assim podemos entender melhor a razão de perguntarem: “Quem poderá pois salvar-se?”
O Senhor Jesus Cristo desmistificou este conceito que une riqueza e salvação em várias ocasiões. Certamente, uma das mais marcantes se deu quando Ele narrou a história do rico e de Lázaro. Está escrito: “Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; e desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.” (Lc 16.19-23). Obviamente o rico não foi condenado por ser rico e tampouco Lázaro foi salvo por ser pobre; mas aqui fica evidente que, para Deus, não há relação direta entre prosperidade material e salvação eterna. Em outro momento, critica duramente os escribas e fariseus por causa do seu apego aos bens materiais: “Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro?” (Mateus 23.16-17). Portanto, tenha em mente que nem sempre a riqueza material é sinal do favor de Deus; assim como a pobreza nem sempre vem acompanhada de humildade diante do Senhor.
Temos que tomar muito cuidado para não confundirmos o que é deste mundo passageiro com aquilo que é espiritual e eterno
Recentemente vi uma reportagem na internet sobre uma influenciadora digital investigada por supostos golpes financeiros. Expondo seus bens e sua indecência, exibia também um versículo bíblico e agradecia a Deus por suas conquistas. Veja só a que ponto chega a ganância e a cobiça. Será que vem das mãos de Deus o ganho obtido com o crime? Como escrevi recentemente aqui https://www.willerfelix.com.br/post/fuja-do-esp%C3%ADrito-da-cobi%C3%A7a-1, o Senhor agora está patrocinando o pecado? Meu amado irmão e minha amada irmã: não apoie a sua vida no que o mundo diz. Se você tem obedecido a voz do Altíssimo, pela Sua Palavra, siga firme o seu caminho. Se aprouver a Ele te dar a prosperidade financeira, que assim seja; se não, fique feliz com aquilo que Ele te der. Se este discurso te causa estranheza, suspeito (com uma ponta de tristeza, não posso negar) que você ainda não conheça o que a Bíblia diz da forma que deveria. Leia: “Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que morra: afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o Senhor? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão.” (Provérbios 30.7-9). O reino dos céus é daqueles que fazem do Senhor, e não dos bens materiais, a sua maior riqueza.
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