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Tudo depende dos olhos!

  • Foto do escritor: Willer Félix
    Willer Félix
  • há 14 horas
  • 6 min de leitura

"E foram ter com ele no templo cegos e coxos, e curou-os. Vendo, então, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se,(...)" (Mateus 21:14-15). Após expulsar os mercadores da Sua casa, o Mestre atendeu os doentes que foram até Ele, curando-os. Avaliando as ações do Senhor, qualquer pessoa claramente as aprovaria, afinal de contas foram expressões de zelo, santidade, compaixão e poder de Deus. No entanto, não foi isso que os líderes religiosos da época pensaram.

E, na verdade, sempre haverá pessoas assim: verão alguém fazendo o bem e não vão perder a oportunidade de vir buscar algo para criticar

No caso em tela, foi o louvor dado a Cristo pelas crianças (um perfeito louvor, como veremos no próximo post, se Deus permitir). Para um observador comum, uma cena normal. Para os olhos contaminados dos principais sacerdotes e escribas, um herético absurdo. Não é de hoje que o bem é tomado por mal e que hipocrisia tenta sufocar a bondade. Talvez você já tenha passado pela situação de ser criticado(a) ou até punido(a) por ter feito algo realmente bom. Isto não deve nos surpreender e o mais importante é saber reagir bem quando estes momentos chegarem. Mas primeiro vamos tentar compreender o porquê de alguém enxergar o bem como mal. Parece loucura, não é? No entanto, é uma realidade patente que nos permeia e nos rodeia sem que ao menos a percebamos.


Todos nós vemos tudo (e aqui se inclui Deus, a natureza, as pessoas, suas atitudes e reações, literalmente tudo) e interpretamos estas coisas como que através de lentes construídas por todas as influências que sofremos desde o nosso nascimento. Grosso modo, julgamos o que é verdadeiro e o que não é, o que é bom e o que não é, o que é justo e o que não é, grandemente, quando não totalmente, guiados por noções de verdade, bondade e justiça que foram implantadas em nós, nos mais variados níveis da nossa consciência, pelos nosso círculo familiar, pela cultura da nossa época e por todas as estruturas sociais que nos cercam. A estas lentes também se dá o nome de cosmovisão, ou visão de mundo. Não é questão de se usar lentes ou não: é qual lente se usa. Não é sobre ter ou não uma visão de mundo: é sobre qual visão você adota. Pensar que não tem uma cosmovisão já é uma cosmovisão. Entende? Dito isso, vamos tocar num dos pilares da forma de se ver o mundo: o conceito de verdade.


Quando o Senhor Jesus Cristo disse: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;" (João 14:6), não foi com a intenção de lançar uma bonita frase de efeito. De modo nenhum. O Mestre estava estabelecendo as bases para uma correta cosmovisão do ser humano: Ele é a Verdade, Ele é o que é real. Através da Sua Palavra, podemos enxergar o mundo como ele realmente é. Por Ele, sabemos quem nós somos, de onde nós viemos (e não, não foi do macaco), e para onde nós vamos. Imersos em Seu conhecimento, aprendemos o manual original do que é bem viver. Cristo é a base que criou, que sustenta e que dá sentido a todas as coisas. Como o Espírito disse através do apóstolo Paulo: "E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele." (Colossenses 1:17). Logo, o ser humano sábio O reconhece, busca conhecer e compreender os Seus pensamentos; busca praticar Sua orientação, procura andar na Verdade: "Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade." (João 17:17). Mas os que não O recebem e não creem, desprezam a Verdade; afinal, viver na Palavra exige sacrifícios que os desobedientes não querem fazer e aqui entra o grande laço diabólico: tais começam a criar a sua própria "verdade", o seu conjunto de padrões individual, seu set peculiar de premissas pelo qual darão significado a tudo que está ao seu redor. Jogando fora a visão de Deus, constroem para si mesmos seus próprios óculos com lentes corrompidas. E tanto pior ficam quando, em sua maldita fabricação, os desobedientes incluem fragmentos da Verdade, que vem de Deus.


Nesta altura do caminho, podemos encontrar os que dizem ter Deus "no coração" mas odeiam, matam e roubam; os que vivem na prostituição e promiscuidade, querendo conhecer homens e mulheres, julgando-se corretos porque, afinal de contas, "Deus é amor"; aqui encontramos os falsos crentes que adoram a Deus com a mesma boca que usam para mentir e enganar. No entanto, se tais pessoas forem questionadas sobre o seu comportamento, ainda que algumas possam sentir certa dose de constrangimento, penso que a maioria continuaria fazendo as mesmas coisas e talvez até afrontasse quem ousou contrariá-las. E por que isso? Como pode alguém ficar confortável consigo mesmo enquanto falha miseravelmente diante de Deus e do próximo? Como alguém pode estar bem espiritualmente e até se indignar quando é questionado vivendo no erro tão descaradamente? A resposta é simples: tais se sentem bem porque estão vivendo em conformidade com a sua própria verdade; sentem-se confortáveis porque estão seguindo seu próprio conjunto de padrões. Para elas, não há motivos para se preocupar ou mudar alguma coisa porque estão com as suas consciências tranquilas: suas ideias, sentimentos e atitudes estão em plena correspondência com sua visão de mundo. Quer dizer: suas ideias erradas, seus sentimentos errados e suas atitudes erradas estão em plena correspondência com sua visão de mundo errada. Eis a razão porque alguém que está mal pode se sentir bem: em seu entendimento deficiente, nada do que ela é ou faz está verdadeiramente errado (porque não é comparado com a Verdade, o padrão estabelecido por Deus) mas com o seu próprio padrão corrompido. E nele, elas não falham. O erro é sempre dos outros.


Um parêntese: talvez alguns leitores mais céticos objetem: não concordo com nada disto porque não existe verdade absoluta. Tudo é relativo. Proponho então uma reflexão: a pessoa que afirma que "não há verdade absoluta" supõe que esta mesma afirmação seja uma verdade absoluta. O problema é que, neste raciocínio, tais não existem. Logo, é uma ideia que refuta a si mesma. Quem diz que "tudo é relativo", pressupõe a ideia de que essa afirmação seja de natureza incondicional, que não depende de nada. No entanto, dentro deste raciocínio, não existe nada incondicional porque tudo é fortuito, tudo depende de. Ou seja, é mais uma ideia que anula a si mesma e que deve ser, como a outra, descartada da nossa consideração.


Os fariseus tinham a sua própria visão de Cristo, devidamente formada pelas suas tradições e por todo o contexto sociocultural do seu tempo; o que, naturalmente, fez com que eles não vissem, de fato, Quem estava diante deles. Estavam absolutamente convictos de que Jesus não passava de um farsante, que blasfemava contra Deus e ignorava Sua lei. Estavam tão aferrados a esta ideia que armaram toda a situação que culminou na execução sumária do Senhor sem hesitar. Estavam absolutamente certos de que defendiam o lado da verdade enquanto se entregavam ao engano de corpo, alma e espírito. Assim também hoje: há quem tenha a coragem de dar a sua própria vida por causa da sua fé inabalável em uma mentira. Quando Cristo disse: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (João 8:32), você já parou para pensar do quê exatamente seríamos libertos?

Dentre tantas respostas corretas possíveis, uma das principais é a libertação da mentira e da cosmovisão deturpada com a qual o pecado conspurcou a mente humana

Repetindo as palavras do Senhor Jesus Cristo: "Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade." (João 17:17). Nossos óculos de visão de mundo devem estar bem ajustados com esta matriz; somente desta forma poderemos compreender o verdadeiro sentido de tudo ao nosso redor e saber como nos posicionar de uma tal maneira que agrade a Deus, reconhecendo nossos próprios erros reais e sabendo lidar adequadamente com os erros reais dos outros. Somente quando somos "(...) transformados pela renovação do vosso entendimento(...)" - que mudança semiótica radical! - poderemos experimentar qual "(...)seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:2). Neste mundo e principalmente na eternidade. Sendo assim, quando você fizer o bem e for mal interpretado ou até punido por isso, faça o que o Senhor Jesus fez: ignore as ofensas e siga em frente fazendo o que Senhor lhe ordenou, baseado em todo o tempo a sua vida na Verdade imutável da Palavra de Deus. Só ela transforma, dá vida e salva.


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