Você tem compaixão?
- Willer Félix
- 15 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

Vamos retornar ao momento em que o Senhor Jesus cura aqueles dois cegos: “E Jesus, parando, chamou-os, e disse: Que quereis que vos faça? Disseram-lhe eles: Senhor, que os nossos olhos sejam abertos. Então Jesus, movido de íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo seus olhos viram; e eles o seguiram.” (Mateus 20.32-34). Cristo foi movido por um sentimento de íntima compaixão. Atentar para isso é muito importante porque se trata de um sentimento presente no coração do próprio Deus. Se cremos que devemos imitá-Lo, logo devemos cultivar dentro de nós os mesmos pensamentos e as mesmas emoções que havia dentro do Senhor.
E o que vem a ser a compaixão?
Segundo o Oxford Languages, ela é um sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la. Penso que é uma emoção que compõe aquele grande amor que o Mestre ordenou no segundo mandamento: “E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus 22.39). Para compreendermos melhor, imagine que você está caminhando por uma rua escura, tarde da noite, debaixo de uma forte chuva. O medo e a pressa aceleram os seus passos, enquanto você procura chegar em casa o mais rápido possível e se abrigar daquela grande tempestade. De repente, ao passar por um beco, ouve-se um grito: “Socorro!”. Primeiro, enquanto diminui a passada, você imagina que é algo da sua cabeça; ou então talvez seja um bandido querendo chamar a sua atenção; ou até mesmo uma pessoa sofrendo de verdade! Outra vez se ouve: “Socorro!” A voz lhe soa estranhamente familiar. O gemido de dor não deixa dúvidas de que a situação do ferido é terrível. Seus olhos vão de um lado para o outro e não veem ninguém; e, tomando coragem para se aproximar, você vê uma pessoa estirada no chão, com o rosto coberto por um pano ensanguentado. “Me ajuda!” Seus olhos se arregalam ao ouvir a voz de novo: era a sua própria voz! Ao retirar o trapo sujo de sangue, você se descobre jogado naquele beco sujo e escuro! Pare e pense por um instante: qual sentimento tomaria o seu coração ao se ver daquele jeito? Eu choraria; eu tentaria me salvar de qualquer maneira. Sentir isto em relação ao seu próximo é amar o outro como a si mesmo; é ter compaixão.
Ser compassivo foi, e ainda é, característica marcante em nosso Senhor: “E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.” (Lucas 7.12-13). É o próprio Espírito Santo que trabalha no coração do homem para gerar este sentimento que transforma quem o possui e quem se beneficia das atitudes que ele produz. Observe que a compaixão aponta para o semelhante, não para nós mesmos; é para o bem direto do outro, não nosso. Sem dúvida é uma manifestação da essência de Deus na vida dos crentes: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16).
Quem ama de verdade, se doa
Vivemos em um mundo cada vez mais egoísta. O Senhor Jesus Cristo anunciou vários sinais da Sua vinda que podem ser observados nos noticiários o tempo todo. No entanto, em minha humilde opinião, o mais evidente de todos é ao mesmo tempo o mais ignorado: o esfriamento do amor. O Mestre profetizou: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” (Mateus 24.12). E quando o amor se vai... a compaixão não tem mais de onde brotar. Se nós queremos andar nos passos de Jesus precisamos alimentar os nossos pensamentos com a Sua Palavra. A meditação nas Escrituras purga e molda os nossos sentimentos conforme a vontade do nosso Pai. Uma vez com a mente transformada, nossas atitudes irão refletir o caráter de Deus e exalar a fragrância do Senhor Jesus em todos os lugares pelos quais nós passarmos.
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