A lição da figueira e o poder da palavra
- Willer Félix
- 29 de mai.
- 5 min de leitura

Retornando ao que aconteceu à figueira que o Senhor Jesus amaldiçoou, lemos: “E os discípulos, vendo isto, maravilharam-se, dizendo: Como secou imediatamente a figueira? Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te, e precipita-te no mar, assim será feito;” (Mateus 21:20,21). Gostaria de destacar dois pontos que me chamam a atenção neste trecho: o primeiro é o indiscutível poder da palavra dita com fé;
o segundo, intimamente relacionado ao primeiro, é o limite bíblico imposto ao poder da palavra dita com fé
O Mestre foi claro ao ensinar que se nós tivermos uma fé descontaminada de dúvidas não só faremos sinais como o da figueira, mas outros ainda maiores. E a eficácia deste ensino pode ser observada em várias passagens do Novo Testamento, que narram os milagres operados pelos discípulos no poder de Deus. Vou me restringir a apenas dois exemplos no ministério de Pedro. Em Atos 3.6-7, lemos: “E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram.”. No mesmo livro, no capítulo 9, versículos 40 e 41, lemos: “Mas Pedro, fazendo sair a todos, pôs-se de joelhos e orou: e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. E ela abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se. E ele, dando-lhe a mão, a levantou e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.” Em ambos os sinais, Pedro usou meramente a palavra falada com fé. Ao longo da história da igreja e até os dias atuais, podem ser apresentados inúmeros outros testemunhos de milagres resultantes da ousadia em obedecer ao comando de Cristo de curar os enfermos e libertar os oprimidos. Eu mesmo já testemunhei, ao vivo e a cores, várias curas (HIV, vários tipos de câncer, diversos casos de dores etc.), libertações e duas ressurreições: em um dos casos apenas ouvi o testemunho de uma tia da criança ressuscitada; no outro vi e falei com o que havia morrido e retornou. A Palavra de Deus nos afirma e a experiência nos comprova: a fé em Jesus Cristo opera maravilhas por meio da palavra falada.
O que nos leva a uma outra questão importante, que é a autoridade que o Senhor deu aos crentes para operarem sinais hoje. Como citei no parágrafo anterior, Cristo ordenou aos Seus discípulos: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios;” (Mateus 10:8). Em outra parte, Ele disse: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e sararão.” (Marcos 16:15-18). Creio que a ordem de pregar o evangelho e batizar os conversos não foi dada somente aos primeiros discípulos; é também papel da Igreja atual. Logo, por qual razão seria negado a esta mesma Igreja o poder para realizar os sinais? Não me parece haver uma base razoável para separar as orientações do Mestre em dois segmentos distintos, admitindo o primeiro e rejeitando o segundo. Falamos um pouco mais sobre isso aqui: O tempo dos milagres passou?. Acredito que é a vontade de Deus que Sua Igreja use mais e mais a fé através da palavra falada para modificar a realidade em redor para a glória de d’Ele.
Diante destas considerações, pode surgir a seguinte pergunta: se a palavra usada com fé tem tanto poder, por que muita gente faz uso dela e nada acontece? Tenho duas impressões sobre esta questão. Em primeiro lugar, é realmente possível que alguém professe algo em o nome do Senhor Jesus sem a fé necessária para receber uma graça; sendo assim, de fato, nada acontece. Além disso, acredito que os que questionam o poder da fé pela palavra falada o fazem não por ignorarem o poder da fé em si, mas porque de alguma maneira foram negativamente influenciados pela verdadeira enxurrada de falsos profetas e profetisas que envergonham a Igreja com seu comportamento e sua verborragia carnais. A fé é real; o seu poder transmitido pela palavra também; mas o simulacro que se faz destas coisas pelos ignorantes e pelos maus acaba por banalizar o que é santo e verdadeiro. Partindo do pressuposto errado de que o que estas pessoas fazem, sem resultado genuíno, é o que a Bíblia ensina, tem-se a impressão de que o mandamento deve estar errado. E aqui podemos emendar a ideia: o que os enganadores fazem não é o que a Palavra de Deus ensina. Não está ordenado que alguém pode falar tudo o que quiser que aconteça a torto e a direito e o Senhor virá realizando todos os caprichos num estalar de dedos. Uma das coisas mais significativas sobre a Bíblia é o fato de que ela explica a si mesma. Muitas vezes, o sentido de uma passagem das Escrituras só se torna mais claro quando unido a um outro trecho.
E é justamente quando ajuntamos seus outros ensinamentos que encontramos os limites do poder da fé pela palavra falada
Ninguém tem permissão divina para usar Seu nome arbitrariamente. Começando por 1Coríntios 12.7,9: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. (...) E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé(...)”; a fé que opera maravilhas é um dom que o Senhor concede ao crente em situações específicas, para atender a um propósito. Não creio que o dom é propriedade de alguém; é Deus quem decide quem vai ser usado e quando será usado, e para qual objetivo. Em seguida, aprendemos na 1João 5.14: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.” Nossas súplicas são atendidas quando se enquadram na vontade de Deus para nós: mais uma vez, a Palavra nos ensina que o controle não está em nossas mãos. Diante destas coisas, penso que podemos estabelecer o limite do poder da fé pela palavra falada no consentimento divino. O que eu e você profetizarmos em nome de Jesus, de acordo com a vontade de Deus, vai se cumprir; caso contrário, não. Existe uma grande necessidade de reverência ao Senhor para que se possa usar Seu nome sem correr o risco de envergonhá-Lo diante da Igreja e do mundo. Os verdadeiros servos de Deus não são como os falsos crentes do passado e do presente, dos quais a própria Bíblia afirma que não devemos ter temor: “Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele.” (Deuteronômio 18:21,22). A boca do cristão deve ser dirigida por Jesus Cristo.
Concluindo, Deus é poderoso para operar maravilhas através de nós, quando usamos a nossa fé e profetizamos, em o nome do Senhor Jesus; no entanto, é Ele mesmo quem concede o dom aos Seus servos em momentos oportunos, segundo a Sua santa vontade. Que cada um de nós esteja preparado para praticar a lição da figueira quando o nosso Deus assim ordenar!
Comments